Nossa equipe analisou dois equipamentos que encontramos na Tecnoshow e que podem atender principalmente pequenas propriedades rurais. O primeiro é uma semeadora e adubadora própria para uso em motocicletas e o segundo um pulverizador costal motorizado.
Imagine colocar um reservatório de sementes em uma motocicleta e integrar um mecanismo de lançamento dessas sementes na terra. A Ikeda, empresa de implementos agrícolas, em parceria com a Embrapa, projetou essa novidade batizada de “moto semeadora”.
O equipamento tem um reservatório com capacidade de 40 litros e um regulador de dosagem da semente a ser distribuída. O motor elétrico que aciona o mecanismo é alimentado por bateria de 12 volts da própria motocicleta.
Além de sementes, o equipamento foi projetado para distribuir fertilizantes e corretivos de solo, em uma faixa de até 10 metros de largura, dependendo do produto e da regulagem.
A Ikeda lançou o produto no mercado em 2013 e, desde então, diversas adaptações têm sido feitas por produtores rurais. José Fernando Tiveron, representante da Ikeda, contou que alguns agricultores instalam GPS na moto para otimizar a atividade. Outros utilizam o equipamento para aplicar produtos diferentes, como formicida e isca para lesma, por exemplo. “Já soube de um produtor que colocou a semeadora em uma carroça, porque não tinha moto em sua propriedade”, contou o representante.
O agrônomo do IF Goiano, Estenio Moreira, considera que o implemento tem grande potencial de uso na sobressemeadura de capim em sistemas de integração lavoura-pecuária e sobre soja para formação de palhada.
Atualmente, a função que a moto semeadora cumpre é desempenhada somente por grandes máquinas que demandam tratores, possuem alto custo de investimento, manutenção e operação, e que, segundo o agrônomo, “nem sempre são eficientes”.
O custo do equipamento fica torno de R$1.200 e a instalação requer um suporte de fixação para baú, que varia conforme o modelo da moto.
Nossa equipe estimou que o equipamento permite aplicar 40 hectares por dia. O custo diário é de até R$ 70, ou seja, um custo baixo para boa produtividade e, além disso, mais autonomia para o pequeno produtor decidir o momento de semeadura.
“O ponto negativo é que o reservatório é pequeno, principalmente para adubar, e isso significa pouca autonomia. No entanto, isso não inviabiliza seu uso porque a moto é rápida e ágil para se deslocar e reabastecer o reservatório”, conclui o agrônomo. Nos próximos meses, a Ikeda planeja lançar o produto com reservatório maior, provavelmente de 80 litros.
Não tão recente, porém ainda pouco utilizado na região de Iporá, é o pulverizador costal motorizado, indicado principalmente para pequenas lavouras. Sua principal aplicação é a pulverização de defensivos em geral (herbicida, fungicida, inseticida).
Segundo o agrônomo do IF Goiano, em alguns casos os produtores são mal orientados a comprar e utilizar o atomizador para aplicação de defensivos. “Não é a mesma coisa. O atomizador faz gotas muito pequenas, o que não é indicado para climas quentes como o nosso, porque o líquido evapora antes mesmo de atingir seu alvo”. De acordo com ele, o atomizador tem outras aplicações, como desinfetar granjas, mas o adequado para aplicar defensivos em climas quentes é mesmo o pulverizador.
O baixo custo e a alta produtividade do pulverizador fazem dele um implemento muito competitivo quando comparado a produtos similares.
Fizemos um cálculo estimado, levando em conta a diária média de um trabalhador na região, o gasto com óleo para o motor e o consumo de combustível que, segundo a Branco, é de 0,8 litro por hora. O gasto médio de pulverização, incluindo a mão-de-obra, é de R$125 por dia.
O gasto com o uso do pulverizador não motorizado é praticamente só o custo da mão-de-obra (R$100 por dia). Sua produtividade, no entanto, é de apenas um terço quando comparado ao pulverizador motorizado, que faz em torno de 5 hectares por dia.
Na Tecnoshow, encontramos o produto nos estandes da Branco e da Toyama. Nas versões de 25 litros, os pulverizadores estavam sendo comercializados entre R$1.000 e R$1.100.
Se comparamos com um pulverizador não motorizado cotado em R$200, a diferença de cerca de R$800 recupera o investimento em apenas cinco dias de trabalho. Neste período, um trabalhador com o pulverizador motorizado faz cerca de 5 alqueires a um custo de R$625; enquanto um trabalhador com o pulverizador não motorizado precisa de 15 dias para cobrir 5 alqueires, o que significa um custo de R$1.500 em diárias.
A desvantagem é que o implemento é mais pesado. Sem produto no tanque, o pulverizador tem cerca de 11 kg, entretanto o operador pode optar por levar menos calda por abastecimento.
Este material não substitui o conhecimento especializado. Consulte sempre um engenheiro agrônomo, zootecnista, médico veterinário ou técnico agropecuário.